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Carta a Marina Marcondes

Olá Marina minha grande amiga.
Aconteceu uma coisa que me deixou muito feliz. Mas tão feliz que resolvi compartilhar essa felicidade, especialmente com você.
Você me ajudou muito nesta vida. Preciso contar pra ti a minha história, porque você é a peça chave de tudo. Você e o Arthur Fitzgibbon.
Ontem à tarde eu lembrei que dia 16 de dezembro, será o aniversário de 20 anos do Lugar ao Sol.
Logo que te conheci, por volta de 1997, te entreguei uma fita K7 voz e violão com as minhas primeiras 10 canções compostas, dentre elas, a canção “Lugar ao Sol”.
No começo do ano de 2001 eu estava mixando um álbum e pretendia chamá-lo de “Cara de Pau” e o Arthur, na época colega de faculdade, estava fazendo a produção artística do projeto.
Bem eu já estava com o projeto “Cara de Pau” quase pronto.
A capa era pra ser estilo “Os Irmãos Cara de Pau”. Eu de preto, com um óculos escuro gigante em um ambiente urbano.
O Arthur então cria meu primeiro e-mail: juliomalc@yahoo.com.br, com a senha “sucesso”. Na época aquilo era uma novidade, já que eu nem tinha computador. Acessava às vezes na casa de algum amigo ou no laboratório de informática da faculdade.
Praticamente, o primeiro e-mail que recebi foi o da Marina Marcondes dizendo: -Júlio, você não tem uma música chamada “Lugar ao Sol”? A próxima novela da Globo ira se chamar Lugar ao Sol. É uma oportunidade.
Saí igual um doido, atropelando tudo. Vendi umas bugigangas, emprestei uma grana, fiz meus corres e consegui pagar a gravação em um estúdio no Ibirapuera. Produzi em um final de semana a faixa.
Como a qualidade da gravação ficou muito boa e ainda faltava masterizar o álbum, resolvi adicionar esta faixa ao trabalho. O Arthur então me aconselha a deixá-la como faixa título do projeto.
Decidimos usar de fundo a imagem de um lindo por do Sol na praia de Cambury, São Sebastião-SP. Fui pessoalmente pegar as autorizações para o uso da imagem diretamente com a fotógrafa Nicia Guerriero.
Bom, com os direitos autorais pagos, autorizações assinadas, fotolito, master, finalmente mandei fabricar a tiragem inicial de mil. Em 40 dias, a fabricação do projeto Lugar ao Sol e eu poderia começar a minha campanha de lançamento.
Sobra ilustrar, estamos no final do ano 2000. Fazemos quase tudo no boca a boca, na correria, sem grana, sem noção, sem google, tutoriais do youtube, redes sociais, celular, sem câmera fotográfica mas com muita vontade, coragem e esperança.
Em um intervalo entre os ensaios para o show de lançamento e a correria da promoção, fui até a Av. Berrine, onde ficava o escritório da Warner Chappell, para entregar o CD a você, já que na época não se mandava música por e-mail porque não existia MP3.
O plano era o seguinte: Agora a Marina vai mandar a faixa para o Mariozinho Rocha (que cuidava das trilhas sonoras das novelas da Globo) e ai é só orar, pedir a Deus e aceitar o que vier.
Você me atendeu como sempre com atenção e com todo carinho sem rodeios me deixou a par do que tinha acontecido. O nome “Lugar ao Sol” tinha sido abortado. A próxima novela da Globo ia se chamar “O Clone”.
Na hora eu nem titubeei. Abri um sorriso, falei que tudo bem, agradeci a sua atenção e “saída pela direita”.
Foi tipo um choque térmico. Um banho de água fria. O dinheiro que emprestei para a gravação fazia parte. Eu poderia ter enviado e não ter sido aprovado. Mas o que realmente me incomodou foi o sentimento de culpa por ter mexido no álbum que estava pronto. Ter mudado o título, a capa. Falei comigo mesmo: Ninguém te obrigou a mudar a capa. A responsabilidade era minha mesmo. Bola pra frente. Acontece.
No caminho pra casa, dirigindo minha velha Caravan 83, encontrei um camarada que morava no ABC e ofereci uma carona. Eu como sou um Boca Aberta, comentei o que tinha acontecido, inclusive mostrei a velha e a nova capa do disco.
Então o meu sentimento de culpa, se tornou um sentimento de vergonha. Meu amigo, sem tato nenhum, solta essa: – É Julio, realmente a capa antiga era bem melhor. Jaqueta de couro na praia é estranho.
Não contente ele continua: -” Buscando um lugar ao Sol, devia estar bem frio, kkkkkk”
E então ele finaliza pisando no cadáver: -“Esse será o lançamento mais frio da história do rock nacional, a menos que você tenha o Falcão como padrinho” KKKKKK
E ria, repetia. Parecia comemorar um gol.
Mas a história não acaba aqui. O pior ainda estava pra acontecer.
E isso tudo em menos de 1 hora! Imagine São Paulo, duas horas da tarde, aquele trânsito, fumaça, buzininha de motoboy, pessoas oferecendo cocada, amarelinho pra todo lado, gasosa na reserva.
Resolvo então, na tentativa de melhorar o “climão”, ligar o rádio do carro. Afinal, a música não pode parar, não é mesmo? Na 89, tocava uma canção que eu nunca tinha ouvido. Achei até que era a banda “O Surto” da música A Cera (Me Pirou o Cabeção).
Marina do céu. Quando a música termina! Chega a ser cena de filme de comédia. O nosso velho amigo, já falecido, o locutor Sandro Anderson, solta a frase. “-Lançando aqui, na 89, em primeira mão, “Lugar ao Sol”, novo single do Charlie Brown JR.
Ri pra não chorar.
Aí o sentimento foi de meditação com paralisia cerebral. Nossa, te juro pelo mais sagrado. Até encostei o carro pra respirar. Uma vergonha que não cabia em mim.
Meu camarada não parava de rir enquanto eu não conseguia nem olhar pra frente. Acho até que baixou minha pressão.
Depois que meu camarada viu que eu tinha ficado até pálido aí ele quis consertar: ” – É, provavelmente o Chorão vai tirar uma foto na praia também. Só que ele vai estar de Skate. Também não ia combinar. Skate na areia não vira.”
Fiquei ali, estacionado embaixo de uma árvore. Imóvel por pelo menos uns 3 minutos até me recuperar emocionalmente.
No dia seguinte, liguei logo cedo para seu Nadir, representante da Sonopress, e ele educadamente me diz: “- Puxa Julio, o malote foi postado para Manaus ontem no final da tarde. “
E foi assim que no dia 16 de dezembro de 2001, na Casa Noturna e Pizzaria Vero Verde em Santo André fizemos o show de lançamento do “Lugar ao Sol” em uma noite mágica, com a minha família, cheia de amigos, músicos e muita gente do bem, que foram lá só para me ajudar mesmo. Na hora de começar, tive uma surpresa maravilhosa. O locutor Cadú Previero, representando a galera da 89FM apresentou o show. O Catalau, ex Golpe de Estado, fez uma participação especial em cantou algumas músicas comigo. O ingresso valia um CD. No final do show tínhamos vendido 300 cds de cara.
Em seguida, logo no comecinho de janeiro de 2002, fui para Florianópolis e acabei ficando por lá 3 anos praticamente, entre idas e vindas. Ao todo, mandei fabricar 4 mil cópias, que se espalharam entre vendas no boca a boca, nas apresentações violão e voz nos bares, em algumas lojas de surf como consignação e uma boa parte na banca da Onda, a barraca de artesanatos do produtor cultural Nilton Maia (Ourinho) na feirinha Hippie de Itanhaém-SP.
No começo foi difícil, todos achavam que se tratava de um cover do Charlie Brown. Durou pouquinho até o lançamento dos Detonautas e dos Tribalistas.
Mas o seu e-mail lembrando dessa canção e a dica do nosso Arthur em transformar a canção Lugar ao Sol em faixa título foram fundamentais.
Colocar a imagem do por do Sol despertou a curiosidade e o acolhimento dos surfistas. Estar de jaqueta de couro, deixou bem clara a minha realidade: um paulista que ama o universo praiano. Uma pessoa que justamente valoriza a praia por não poder estar perto. Meu estilo ficou mais ska, reggae e o surf music.
No final das contas, aquela mesma praia de fundo se tornou na vida real o meu lugar ao Sol. A praia de Cambury, em São Sebastião é um dos lugares mais importantes da minha vida. Lá eu fui respeitado e valorizado como músico, artista além de ter sido acolhido por todos, sem exceção, principalmente pelo Paulo Costa da Pousada Villa Camboa e pelo Silvio da casa noturna O Galeão.
Ontem à tarde pensei comigo: Estou querendo fazer um show em comemoração ao aniversário de 20 anos do lançamento do Lugar ao Sol no dia 16 de dezembro.
Mas como tudo acontece no seu tempo e da maneira que Deus deseja, depois do jantar, resolvi ver TV e de repente a bomba: LUGAR AO SOL !!! A PRÓXIMA NOVELA DA GLOBO.
Eu tenho muita gratidão por você, Marina. Por tudo o que você me propiciou direta ou indiretamente.
Então, humildemente, gostaria do fundo do meu coração, se for possível, que a minha amiga Marina Marcondes enviasse finalmente a minha faixa “Lugar ao Sol” para a TV Globo.
Se Deus quiser, e achar que nós merecemos, a Globo vai curtir a nossa criação.
Se a gente conseguir essa sincronização plim plim, independente de eu ser o intérprete, em retribuição, a senhora será a minha Manager podendo negociar qualquer acordo daqui pra frente ou vender meu passe a outra pessoa que se interessar.
O que a minha amiga me diz?

Inscreva-se e fique por dentro das próximas novidades em primeira mão.

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